Dia 6 - Importância das coisas

14/03/2014

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Algumas coisas específicas que às vezes nos tocam profundamente. E muitas vezes são tão pequenas, mas o resultado em nos deixar perplexos é bem grande. E ontem aconteceu uma dessas pequenas coisas que me fez refletir.

Estávamos vendo uma palestra sobre o Tempo e o Direito, quando o palestrante, que é bastante conhecido e que tinha seus oitenta e poucos anos, falou que o "tempo, muitas vezes, é angústia. Angústia para os jovens, que dependem do tempo para planejar e saber se vão dar certo na vida quando ficarem mais velhos. Angústia para os velhos que já estão na contagem regressiva para aquilo que pode-se chamar de fim".

E quando o velho disse isso, ele não deixou de disfarçar que realmente sofria daquela angústia. Como mais tarde ele confessou: ele pensa nisso quase todos os dias.

Terminada a palestra, no corredor da faculdade, lancei uma pergunta para minha namorada: qual angústia é pior: a dele, uma pessoa de sucesso que está contando os dias para morrer, ou a nossa, que somos jovens que angustiamos para saber se vamos dar certo?
E ela respondeu rapidamente e sem nenhuma dúvida: a dele, claro. Aí ampliei o raciocínio: quer dizer então que ele trocaria sua angústia e seu sucesso e fortuna para viver a nossa angústia de não saber se vamos algum dia alcançar um mínimo de sucesso?
E ela: sim
E eu: Então a juventude tem muito mais valor do que sucesso, realização profissional e fortuna?
E ela: Talvez

E aí, enquanto caminhávamos logo depois que a palestra terminou, conclui mentalmente que se a juventude tem muito mais valor do que a realização profissional, por que muitas vezes perdemos aquela para alcançar esta? Será que a importância que damos para as coisas é relativa no tempo? Será que um dia vamos perceber que vivemos da maneira errada? Ou simplesmente não vamos dar bola sobre a maneira que vivemos, pensando na angústia da "contagem regressiva"?

Eu tenho quase toda a certeza do mundo que a importância que damos para as coisas não é só relativa no tempo, mas relativa a tudo o mais que existe no mundo. Se você viveu uma experiência traumática, provavelmente não dará mais importância para coisas que para você antes eram indispensáveis, e que agora não passam de... coisas. Se você acompanha a experiência do que é uma cirrose hepática em alguém que você muito estima, talvez hoje o álcool não tenha a importância que tinha na sua vida. Se você já sofreu um acidente de carro, pode não mais nutrir a pressa na estrada que antes fazia com que os minutos a mais ganhos em uma viagem fossem tão importantes.

E é importante pensar sobre isso? Não sei. Às vezes não pensar na melhor forma como ser feliz acaba sendo a melhor forma de ser mais feliz.