Estava tão feliz hoje para escrever sobre um tópico interessante quando depois de escrever metade do post acabei descobrindo que já tinha falado sobre aquilo aqui no blog. Com muita dor no coração acabei tendo que apagar tudo que tinha escrito...
Mas vamos lá.
Saiu esses dias um artigo sobre a identidade que as pessoas têm, elas mesmas como pessoas, com seus trabalhos. E o artigo mostra, de maneira excepcional, como é que nossa vida (e nossa capacidade de agradar o outro) está erroneamente ligada ao nosso trabalho. E de experiências de pessoas que saíram de empregos dos sonhos e que sentiram "vergonha" de assumir esse novo status.
Eu senti exatamente isso. Quando eu saí do banco que eu adorava, para empreender, acabei que ficando "um pouco sem rumo". Principalmente quando faziam a fatídica pergunta: "e aí, o que você faz da vida?"
Primeiro ponto, é inadmissível você não fazer nada. Claro, eu também não concordo com a ideia de não se fazer nada da vida, afinal, acho que todo mundo tem que ter um propósito ou uma distração. Trabalhar, apesar de tudo, não deixa de ser um catalizador ou gatilho para novas ideias e criatividade: ficar em casa não faz com que você interaja ou experimente outras atividades, consequentemente, não permite que você seja criativo.
Mas, apesar de tudo, se alguém responde que não faz nada da vida, um extremo preconceito toma conta de qualquer interlocutor ("vagabundo", "folgado", "filhinho de papai"). De novo, acho que é bom fazer alguma coisa da vida (tá vendo, eu estou me justificando exatamente para não sofrer esse ataque psicológico). Mas esse preconceito gigante mostra o quanto a nossa identidade depende de nosso trabalho.
Segundo ponto, não basta você fazer algo, mas você tem que fazer algo que a sociedade julga ser importante. Fato comprovado: todo mundo lá no meu restaurante ganha mais do que o salário inicial da maioria dos advogados recém-formados, por exemplo. E, "estranhamente" todo mundo enche a boca quando fala que é advogado. E, pelo outro lado, ninguém quer ser garçom, mesmo ganhando mais.
Terceiro ponto, não importa se sua vida está excelente ou bem perto de ser um lixo, ou quais suas perspectivas de futuro. O que todos querem (e, portanto, você) é saber o quanto seu trabalho é bom, legal e que não é para qualquer um. Esse ponto especificamente eu percebi analisando estudantes de Medicina.
Eu nunca vi alguém se orgulhar que não dorme mais do que 4 horas por dia. Dormir tão poucas horas é prejudicial à saúde, no mínimo. Além de trazer uma total instabilidade emocional. Mas inacreditavelmente, os alunos de medicina se gabam, com orgulho, de terem tido dias assim, aliás, de quase todos os dias das suas vidas serem assim. Eu brincava até que na Medicina os alunos tinham uma matéria de: "Como gabar-se da sua falta de tempo I (4 créditos)".
Enfim, deveríamos falar mais sobre como sermos felizes, e não como somos bons no nosso trabalho. Tudo bem, trabalho é parte da nossa vida, mas, opa, para por aí. Parte.
E falando em parte, vou partir. Até.