Nunca subestime a posição que você está. Grandes são as chances de que você está ali, não por causa de um mundo injusto e cruel, mas por mérito próprio.
Apesar de inúmeras vezes não ser exatamente dessa forma, nossa sociedade é, de certa forma meritocrática. Claro que estou fazendo várias ressalvas, mas a regra geral é que, quem é bom, vai longe. Não precisa de fórmulas mágicas ou estar no lugar certo na hora certa ou muita sorte, nada disso. Se você for bom, você vai longe.
Me lembro de quando entrei no mercado de trabalho, tinha uma visão bastante romântica sobre o que era o mercado de trabalho. Eu tinha pena e solidariedade por aqueles excluídos, e, de certo modo, algum preconceito contra aqueles bem sucedidos. Eu imaginava que o excluído nunca tinha tido a oportunidade que aquele bem sucedido tinha recebido, e que por isso o mundo era injusto. Pensava também que o bem sucedido devia pelo menos tentar ajudar o excluído, pois este não tinha tido sorte na vida, ao contrário daquele.
Nos primeiros dias da minha "vida na prática", desenvolvi algumas das ideologias que vinham frescas da faculdade: acabei tentando ajudar pessoas "excluídas". Expliquei finanças pessoais para um (e quantas vezes!). Limpei nome do serasa - emprestando dinheiro - de outro. Adiantei algum dinheiro para um terceiro. Até paguei (e ainda pago) escola particular para o filho de mais um. Fui fiador de outros dois.
Quer dizer, a ajuda pode não ter sido muita (e eu achava que não era), mas também não se pode dizer que eu não fiz nada.
Infelizmente, ao contrário do que eu imaginava, existem dois tipos de excluídos. Aqueles que não conseguem nada melhor pois realmente não fazem por merecer. E aqueles que realmente precisam de uma oportunidade, pois a eles nunca lhes foi dada uma.
E o grande problema: os excluídos que não se esforçam são um número incomparavelmente maior do que aqueles que realmente estão precisando de uma oportunidade para voar longe. E ajudar alguém do primeiro grupo vai ter algumas consequências não muito agradáveis: você vai perder tempo, dinheiro, e ainda ganhar um pouquinho mais de desilusão com o mundo.
Da mesma forma que encontrar funcionários bons para uma empresa é bastante difícil, aqueles que irão realmente dar valor às oportunidades proporcionadas estão em extinção. A dica: quer ajudar? Faça um processo seletivo rigoroso e escolha alguém que realmente mereça.
Sei que essa é uma visão um pouco pessimista do mundo, mas de fato o mundo não é um conto de fadas. Todos nós temos nossos defeitos, mas colocar os excluídos como vítimas e os bem sucedidos como malfeitores é uma visão ridiculamente simplificada e errada.
Tente encarar o mundo como sendo meritocrático. Você está aí porque você merece estar aí. Assim como seu colega está ali porque merece estar ali. Não culpe o governo, os outros, o mundo, o capitalismo ou qualquer outro bode expiatório. Nós somos responsáveis por estarmos onde estamos.