O Método e o Monstro

01/12/2014

Esse post foi escrito há mais de 2 anos

Um tênis.

Esse simples e irrelevante item foi a inspiração para o post de hoje.

É impressionante a forma como nós construímos nosso hábito. Existem várias teorias científicas que tentam explicar o hábito e como podemos fazer para mudá-lo. Todos que falam sobre produtividade passam, inevitavelmente, por tentar entender como um hábito funciona. Esse blog é, de certa forma, uma homenagem àqueles hábitos que nos faz bem, que nos ajuda a conquistar o que queremos.

Só que existe um problema (que não é tão grave assim, no final das contas). Construir um hábito requer construir um método de repetição. Recentemente saiu um estudo que diz que, para se construir ou mudar um hábito são necessários 66 dias de repetição para que ele se consolide na nossa estrutura psicológica. Essa construção metódica gera uma "preguiça" no cérebro que, querendo evitar esforço, já sabe exatamente o que fazer quando determinada situação acontece e não precisa se preocupar muito com isso. Assim, quando você acorda, o cérebro já sabe que tem que escovar os dentes, e você não precisa gastar muito "fósforo" pra pensar sobre isso.

E hoje acordei para correr, que de certa forma, é um hábito pra mim, e percebi que tinha esquecido meu tênis na cidade dos meus pais esse final de semana. Veja que situação terrível. Eu não tinha tênis. Como eu poderia correr sem tênis?

Veja que essa indagação beira quase o idiotismo. Claro que esse é um first world problem. Mas ele me falou muito sobre meus hábitos.

Bom, voltando para meu tênis, eu quase voltei a dormir ou desisti da corrida. Isso porque eu tinha um método para correr, e uma parte importante dele é calçar meu tênis. A minha corrida da manhã em muito se apoiava (literalmente também) nos tênis de corrida. Eu coloquei praticamente em um simples objeto um hábito todo. E quando não mais tinha esse objeto, a frustração foi terrível (afinal, eu acordei cedo justamente para calçar meus tênis e sair pra correr).

Mas felizmente eu vesti uma espécie de sapa-tênis que tinha e fui para o parque assim mesmo. E já que seria um pouco doloroso correr com aquele sapato, eu acabei fazendo uma caminhada por outra parte do parque, e fiquei pensando sobre isso... A caminhada foi agradabilíssima, e as reflexões melhores ainda.

E não há como enfeitar e prolongar muito a conclusão que é bastante simples: não podemos vincular nossa capacidade de fazer as coisas a objetos materiais. Os objetos é que têm que servir a nossos propósitos, e não os nossos propósitos devem ser vinculados a eles. Da mesma forma que os métodos são nossas ferramentas, e não nossas finalidades. Não deixe o método tornar-se o protagonista de sua vida de produtividade da mesma forma que (tentei) não deixar o tênis ser a razão de ser da minha corrida matutina.

Até!