O novo experimento Social Antropológico

18/11/2014

Esse post foi escrito há mais de 2 anos

Já havia contado aqui no blog sobre um experimento social e antropológico que fiz em meados de abril (post aqui). O experimento havia sido levar comigo apenas um celular antigo, daqueles que nem foto faz muito menos entra na internet. A ideia era ficar pouco mais de um mês assim. Ou seja, passava o dia inteiro sem whatsapp, email, facebook ou qualquer coisa que se conectasse com o mundo exterior (exceto por ligações e sms). À noite, quando chegava em casa, aí sim olhava o whatsapp e respondia a tudo e a todos.

O experimento foi fantástico. Apesar de eu não ter ficado muito feliz com aquele tecladinho horrível dos celulares antigos (ABC/ DEF...) em que a gente tem que ficar apertando várias vezes para encontrar a letra desejada (hoje vc aperta a letra e o celular já prevê a palavra desejada...), desconectar um pouco do mundo foi muito gostoso.

Pois bem, estou no meio, aliás, no finalzinho de outro experimento desse tipo. As regras mudaram um pouco: proibido internet no celular durante todo o período do experimento, que é um mês. Só para ser um pouco mais difícil, deletei todos os aplicativos de redes sociais (whatsapp, face, messenger, mapas, etc) e todos os atalhos que me levam a "ligar o wifi e a internet móvel". Só que dessa vez eu posso ficar com o smartphone e um teclado um pouco mais sensato. E não, não olhei nem vou olhar o whatsapp durante 30 dias...

Listo aqui 10 coisas que notei com esse experimento:

  1. Quase todos os contatos que eu fazia era por whatsapp. Salvo algumas exceções, ninguém me liga ou manda sms. A interação social virtual diminuiu. Isso não significa necessariamente um aumento da interação social real.
  2. Não tenho mais motivo algum para ficar no celular a não ser quando quero ligar para alguém ou mandar mensagem.
  3. A bateria do celular dura uns 3 dias
  4. A tendência natural é usar mais o computador de casa ou o notebook para se comunicar pelo facebook (esse é um grande "problema").
  5. Todos com quem conversei sobre o experimento o acham interessante até, mas idiota.
  6. Talvez a grande diferença que notei na minha rotina foi de manhã. Meu café da manhã é infinitamente mais tranquilo sem conexão. O café é um evento agora, eu preparo as torradas, preparo o café com leite, passo geléia, como as torradas, junto tudo, jogo o lixo no lixo, lavo a xícara e guardo tudo em seu lugar. O que eu quero dizer com isso? Que antes tudo isso era automático, fazia cada uma dessas etapas grudado na telinha respondendo os whatsapp que tinham chegado à noite e respondendo e arquivando emails.
  7. A gente perde tempo com internet no celular. Bastante. Mas a culpa não é da internet, mas nossa. A procrastinação e o "enrolation" ocorre com ou sem internet. Ou seja, banir a internet do celular não vai te fazer o mestre da eficiência.
  8. Confesso ter dado umas "roubadinhas". Quando estou perto de alguém que possui internet no celular e preciso saber alguma coisa no GPS ou no google, não hesitei em pedir.
  9. Perdi dois compromissos relativamente importantes. Um foi porque não soube de uma informação que estava em um grupo de whatsapp. Outro porque uso calendário e listas de tarefas na nuvem e meu celular não se atualizou com as informações que eram colocadas no pc. Mas os dois compromissos eu poderia ter me planejado e ter evitado.
  10. Depois da primeira semana, mais traumática, os outros dias foram bem tranquilos.

Por enquanto o experimento está assim. Mas penso que, para ser realmente interessante (e difícil) o Facebook também deveria ser proibido durante esse período em todas as plataformas. Quem sabe em uma próxima vez?

Abs